segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Nasci na cidade de Senador Pompeu (Humaitá é o seu nome de origem e o de minha preferência), no sertão central do Ceará. Casado e pai de três filhos. Altura: 1,75. Já fui mais alto e vi por cima da colina do coração a alegria de se viver; e, quando mais baixo, rastejei no porão lutando pela vida. Hoje tenho a altura da abstração, talvez mais real. Roupas escuras e olhos furta-cores.Alucinado por futebol, craque em todas as posições. Por não ter sido jogador profissional aprendi a racionalizar frustrações. Gosto de viajar à Humaitá somente para colocar as cadeiras na calçada e conversar com os compadres de meu pai, como quem chama os espíritos ancestrais do lugar. Não gosto de telefone nem de televisão. Adoro teatro e cinema. Fui ator para perder a timidez e, mesmo assim, tomei muita cachaça para poder cantar as meninas. Tenho horror aos esnobes e arrogantes. Amo as mulheres, com uma queda pelas sonsas e míopes.Não existe nenhum tipo de comida que não me agrade. Não vivo sem música - do samba à clássica, sem esquecer a música popular brasileira e o rock n’ roll dos anos cinqüenta. Leitura predileta: tudo que me cai diante dos olhos. Continuo à procura do livro de cabeceira e desconfio que jamais irei encontrá-lo. Fui acólito, estudante, jogador de futebol, meio hippie, ator, boêmio, advogado dos pobres, ateu, trotskista, professor, agnóstico, anarquista e franciscano. Tudo como bagagem para continuar pregando contra o capitalismo. Escrevo crônicas e contos como quem mostra a cara em um ato de rebeldia e coragem. Vomito os textos no silêncio da madrugada e, na brisa dos primeiros raios do sol, passo-os a limpo. Herdei a desconfiança, a solidariedade, a pobreza e o paraíso como os melhores ângulos de enxergar a vida. Quando a tristeza bate em meu peito vou fundo e abraço a morte. Quando a alegria invade a alma, imediatamente, penso nas crianças famintas e tiro a máscara da vaidade. É duro conviver comigo. Meus melhores amigos têm raízes na infância, nas peladas de futebol, nas mesas dos bares e nas esquerdas do caminho da vida. Quando morrer espero me encontrar com São José, Francisco, o santo de Assis, José de Alencar, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Jorge Amado, José Maria Moreira Campos, Antonov Theckov, Clarice Lispector, Elvis Presley, John Lennon, Raul Seixas, Santa Clara, Marilyn Monroe, Liv Ulman, Margot Hemingway, Dina Sfat e Leila Diniz, pelas esquinas do éden em brancas nuvens.

3 comentários:

Unknown disse...

Nunca vi um perfil tão bem escrito. Muito interessante forma de se expressar. Gostei!

Anônimo disse...

Já desconfiava e agora sei a origem do entusiasmo e da delicadeza que brotam das dóceis palavras da Raisa quando fala do pai. Parabéns pelas crônicas e pela sensibilidade.

Abraços,

Ramirez Gurgel

Ana disse...
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